Burundi



MUZUNGO – significa “Branco”, tanto para o homem quanto para a mulher.


Depois de Uganda, antes de Quenia...... mesma viagem! (2009). A razão que me levou a esse país, foi visitar um velho amigo de origem iatliana, casado com uma burundessa

Burundi cuja a capital é Bujumbura, é um pequeno pais de apenas 8 milhoes de habitantes, ex-colonia de Belgica, por isso fala-se em frances e em kirundi. Limita-se ao norte com Ruanda, ao sul e leste com Tanzânia e ao oeste com o Lago Tanganica – oposto a margem da República Democrática do Congo (antigo Zaire). É um dos maiores e maios belos lagos da África, com uma extensão de 32.000 quilômetros quadrados, também é um dos mais profundos do planeta, em pleno coração da África. Burundi é uma das menores nações do continente africano, e também uma das mais pobres do planeta.

A população está composta das etnias tutsis (14%), hutus (85%) e pigmeus twa (1%), em outras palavras, os homens mais altos (tutsi ou watutsi) e os mais baixos (os pigmeus twa) as mesmas que no país vizinho Ruanda.

Lá eu conheci o Padre Vicente, brasileiro de Minas Gerais da ordem Salleciana, mora no país desde os anos 70 e possui uma das mais belas historia de vida que eu ja conheci. Ele partilhou muitas de suas historias, umas alegres outras tristes, algumas engraçadas e toda interessantes.

Como um autêntico mineiro me acolheu e hospedou de maneira extraordinária. Como nessa mesma semana ele também recebeu a visita de um sacerdote e um leigo, ambos italianos e tinham planejado dar uma volta pelo país, de norte a sul, ele me convidou para ir junto. De fato, eu tive muita sorte em poder acompanhar viajar junto com eles pois não existe outra maneira de viajar para interior na condição de turista, não existe transporte e nem hotéis. O país ainda está em guerra e obviamente perigoso, ao anoitecer eles dão o toque de retirada, todas as pessoas devem se recolher em suas casas, pois é bem arriscado ficar na rua. Eu me perguntava, o que estava fazendo eu ali? Já não bastava ter vivido a guerra em Guiné Bissau? Não sentia medo mas também não estava 100% tranquila.

Em Burundi exitiram as Crianças – Soldado: são crianças que foram usadas como ferramentas de guerra baratas e dispensáveis. Elas eram raptadas de suas famílias ou forçadas a voluntariar-se no exército. As forças armadas e os grupos políticos armados do Burundi recrutaram e usaram as crianças - soldado como carregadores, informantes, “esposas” e como combatentes. Muitas destas crianças ficaram traumatizadas, humilhadas, sofreram maus tratos e foram brutalmente castigadas, bem como expostas, devido à inexperiência e ao treino insuficiente, a riscos inúteis. Mesmo aquelas utilizadas essencialmente como carregadores estiveram na linha da frente durante os combates, enquanto cumpriam a sua tarefa de transportar os feridos e os mortos.

Partimos de Bujumbura, na segunda de manhã bem cedo, em direção ao norte do país. O caminho é todo montanhoso, cheio de curvas, muito verde, muita plantação de banana, rios, colinas, bosques de pinhos, vacas e pastores, todos motivos para receber o apelido de "Suíça Africana". Possui uma altitude que varia de 776 metros do lago Tanganica até os 2.670 metros do Monte Heba. De norte a sul a cadeia montanhosa Crête du Nile percorre o país.

Durante todo o caminho avistamos muitas pessoas que andavam em todas as direções, indo e vindo da feira, onde levam seus produtos (bananas, carvão, manga, .....) para comercializar. Algumas andam de bicicletas carregando alguém na garupa - elas muitas vezes, funcionam como taxis. Estes bici-taxis também costumam se segurar na trasseira dos camiões nas subidas, provocando vários acidentes.


As mulheres sao altas, delgadas e se cobrem com tecidos tão coloridos, que chegam a ser fosforecentes. São elegantes no seu jeito de andar, carregam as crianças nas costas e sobre a cabeça sempre carregam algo, seja uma cacho de banana ou instrumento de trabalho, como as enxadas ou troncos (lenha), água, potes de barros entre outros..

A culinária desse pais baseia-se nas brochetas de carneiro e de peixe. Este prato costuma-se acompanhar de banana, batata ou mandioca. Também estão lá o famoso ugali = pasta de milho fervida, e o shombe = guisado de folha de mandioca temperada com molho de amendoim e arroz. Nas zonas rurais o feijão é muito consumido pelos camponeses.

Chegamos a noitinha na casa dos padres salleciandos na cidade de Ngozi e antes do jantar nos dirijimos a uma grande sala onde nos esperavam mais de 500 jovens. Todos meninos estudantes que vivem num regime de internato. Era um costume e Dom Bosco dar a boa noite sempre, e eles perpetuam este habito até os dias de hoje. Nos apresentamos, cada um falava na sua lingua e o Pe. Vicente traduzia na lingua local. Foi muito emocionante ver tantos jovens prestando atenção e dedicados ao estudo, para eles estar ali é uma grande oportunidade para estudar, mesmo tendo que se afastar da família por alguns anos e embora os pais necessitem de sua ajuda estimulam e apostam na educação.


Os tambores é, sem dúvida, o rei dos instrumentos musicais africanos. Poucas são as tribos que não usam o tambor. Em Burundi e Uganda, os reis possuíam tambores sem uma função propriamente musical, mas apenas como símbolo do seu poder, recorrendo a eles para comunicar à população determinados momentos da vida – sementeira do sorgo ou princípio e fim da jornada do rei. Outros tambores eram usados nas cerimónias de coroação do rei. Hoje eles representam a cultura desse país.

No dia seguinte continuamos a viajar rumo ao norte, nosso destino final era a cidade chamada Kirundo que faz fronteira com Ruanda. Visitamos um lago Rwihinda, paraíso das aves migratórias que lá chegam para se reproduzir, entre elas as gralhas coroadas. Paramos para almoçar num tipo de hotel cuja o único prato foi: bananas assadas acompanhadas de uma colher de maionese. Neste quisito é muito dificil viajar sem estar prevenido com alimentos e bebida, dificilmente se encontra algum lugar com a higiêne com que estamos acostumados. Ficamos ali dois dias e visitamos vários projetos implantados e mantidos pelos padres e freiras na região, entre eles: escolas, orfanato, oficinas de costura e bordado, hospitais, centro de saúde e outras iniciativas.



As pessoas nas aldéias levam uma vida muito dura, elas precisam trabalhar na terra, cultivando arroz, banana, chá, café para sobreviver. Longe dos grandes centros elas carecem de alimentos e medicamentos, por isso é tão importante a presença da igreja e de algumas ONGs ali.

Na sexta-feira partimos de Bujumbura, a capital, para o sul e em 4 horas de viagem já estavamos na cidade Nianza Lac. A paissagem era completamente diferente do norte, o caminho bem plano e no lugar das bananeiras haviam muitas palmeiras de dendê. As pessoas lá vivem da pesca, as especies mais pescadas são: nda-gala, capitain, mukeke e tilapia.

Nesse dia paramos para almoçar num restaurante que fica junto a um hotel composto por cabanas, na cidade de Resha. Foi um dia muito agradável e tranqüilo.

Visitamos a comunidade onde vivem os pigmeus Batwa - os primeiros povoadores do país, atualmente representam apenas 1% do total da população. Eles não são tão pequenos quanto pensávamos que eram. Se dedicam a construção manual de tijolos de barros e dentro da própria comunidade algumas mulheres fazem seu pequeno comercio de amendoim embalados em pequenos saquinhos de plásticos..

O último dia dessa semana. foi dedicado a conhecer o trabalho do Pe Vicente que em menos de 4 anos ele construiu uma bela missão, dentro de um espaço (terreno) delimitado fica a sua casa, ao lado uma grande escola que possibilita o acesso a educaçao a mais de 400 jovens, há outros galpões que preparam os jovens para o mercado do trabalho, capacitando-os técnicamente para trabalhar na construção civil, na confecção de cadeiras de rodas, na marcenaria e na costura. Trabalha junto a ele uma ONG italiana chamada VIS - Voluntariato Internazionale perlo Sviluppo - da Cooperazione Italiana, sob a coordenação local de Lorenzo Giacomin considerado o braço direito do padre e muitas outras jovens que permanecem entre 1 a 2 anos no país. .

Ele criou tambem um abrigo para meninos de rua, que abriga no momento atual, mais de 40 crianças e tudo começou ... “com uma bola de futebol”. É de tirar o chapeu para esse homem escolhido por Deus que com seu jeito simples cativa a todos que conhece

Uma semana se passou num piscar dos olhos. Tudo foi muito intenso e agradável que de verdade foi bem triste pensar em partir, ainda mais depois de saber que eu tinha sido sua primeira visita Brasileira. Ele insistia para que eu ficasse ali como voluntária e repetia carinhosamente: “um pedacinho do Brasil se vai”, e eu respondia: “e outro pedacinho fica!”.


DICAS

Filmes:

Hotel Ruanda (Direção: Terry George – 2004)

Sinopse: Em 1994 um conflito político em Ruanda levou à morte de quase um milhão de pessoas em apenas cem dias. Sem apoio dos demais países, os ruandenses tiveram que buscar saídas em seu próprio cotidiano para sobreviver. Uma delas foi oferecida por Paul Rusesabagina (Don Cheadle), que era gerente do hotel Milles Collines, localizado na capital do país. Contando apenas com sua coragem, Paul abrigou no hotel mais de 1200 pessoas durante o conflito.